terça-feira, 19 de janeiro de 2010

À deriva

À deriva, sem vontade de ligar o motor ou tocar no remo, sem vontade de chegar. Tanto faz se à deriva no Triângulo das Bermudas ou a poucos metros da praia, tanto faz, a terra sempre pareceria longínqua e pouco atraente. O sol corrói a pele e me refresco com pequenos goles de água salgada, ao mesmo tempo rasgando e afagando minha garganta. Estou suando frio. Corto pedaços da vela e transformo em cobertor. Cubro-me até a cabeça, esquecido de rotas, mapas, pontos cardeais, destinos. Mesmo de olhos fechados, a luz me persegue, atravessa minhas pálpebras, violando a escuridão à qual até os mais miseráveis têm direito. Penso: quem dera estivesse dentro de uma garrafa para ser achado por alguém.

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