quarta-feira, 3 de julho de 2013

A repercussão de "O ato de riscar um palito de fósforo"


Confiram abaixo matérias sobre meu livro de contos, "O ato de riscar um palito de fósforo", lançado pela Editora Patuá. 



JORNAL DO COMMERCIO

Artur Rodrigues fala da sua periferia fantástica em novo livro

O autor paulista criou 18 contos a partir da observação cotidiana de jornalista e da invenção de ficcionista
Publicado em 29/06/2013, às 05h18

Diogo Guedes
Na epígrafe do livro, uma frase de Murilo Rubião, o escritor e jornalista paulista Artur Rodrigues dá uma pista do objetivo de seu livro, O ato de riscar um palito de fósforo: “Encher a noite com fogos de artifício”. O autor conversou por e-mail com o JC para falar sobre a obra, que tem 18 contos inspirados na sua vivência como repórter de cidades, mas com um olhar que preza pelo fantástico.

JORNAL DO COMMERCIO – O ato de riscar um palito de fósforo nasceu da sua vivência como jornalista. O que retirou dessa experiência cotidiana para os contos?
ARTUR RODRIGUES – A experiência na rua, principalmente como repórter de polícia, ajuda muito no processo de criação. Quando saio para fazer uma reportagem, volto para redação e escrevo os fatos, buscando clareza e o máximo de objetividade possível. A ficção é o que eu não escrevo no jornal. Pode ser um personagem ou o estado de espírito causado por algo que realmente aconteceu. Fica ali, envelhecendo, apurando, virando uma coisa totalmente diferente. Até que a ficção nasce.

JC – Sempre quis escrever também ficção? Quais suas referências literárias?
ARTUR RODRIGUES – Sempre quis escrever ficção, sempre foi o objetivo principal. Quanto às referências, a principal continua sendo Kafka. Nunca nada conseguiu me proporcionar a experiência de estranhamento que ainda me acontece quando leio algo dele. Acho que todos que buscam romper/subverter/desfigurar de certa maneira com o realismo, como Borges, Murilo Rubião, Garcia Marquez, Buñuel, me ajudam a transgredir o excesso de experiências reais que vivo como repórter de Cidades.

JC – Apesar de tratar da realidade de figuras urbanas, O ato de riscar um palito de fósforo não pode ser simplificado como uma prosa social. Como foi equilibrar o realismo dos centros urbanos e a dimensão humana das histórias?
ARTUR RODRIGUES – De fato, em nenhum momento busquei fazer prosa social. Acho que o livro é uma tentativa de desfigurar isso. Ariano Suassuna diz que não é regionalista, que o sertão dele é mítico. Acho que da mesma maneira a minha periferia não é uma periferia realista, é uma periferia fantástica. Os personagens urbanos inadaptados, tentando escapar de algo, da realidade, mesmo nas histórias em que não há nada metafísico acontecendo.

JC - O jornalismo pode ensinar também a escrever melhor? 
ARTUR RODRIGUES - Até certo ponto, o jornalismo pode ensinar a escrever melhor. Ortografia, gramática, pontuação. Mas também é preciso desaprender um pouco para escrever. É preciso desconstruir, ignorar certas regras, fugir do didatismo. No jornalismo, não trabalhamos com o que não escrevemos, com as entrelinhas, entregamos tudo mastigado, na maioria das vezes. O que fica para o leitor intuir, duvidar, a incerteza pode ser o mais importante na prosa de ficção. 

JC - De onde surgiu o amplo mosaico de personagens da obra? 
ARTUR RODRIGUES - Acho que a variedade de personagens é resultado da convivência pessoal e profissional que tenho com muita gente diferente, o que me proporciona várias visões de mundo. Conheci muita gente viajando, morei em três cidades (além de São Paulo, Recife e Londres). Fui criado num bairro de periferia de São Paulo, e até hoje falo um pouco a linguagem dos manos; cresci ouvindo Mano Brown. Na rua,apesar de não ter unia convivência próxima, conheci ladrões, traficantes, viciados. Como repórter, lidei com políticos, empresários, artistas, policiais, prostitutas, religiosos.Acho que o mosaico reflete um pou-co essa variedade. 

JC - No livro, você usa de diversas formas narrativas para cada conto. Queria que você filasse dessa multiplicidade de abordagens. 
ARTUR RODRIGUES - Acho que isso é unia tentativa de não repetir as fórmulas, embora eu tenha consciência de que não estou rompendo com elas. Como é um livro de contos, tentei buscar demar-car a diferença entre eles, para que não se tornasse algo monótono e previsível. Para que o leitor tivesse unia sensação de estranhamento, de ruptura, surpresa. 

JC - Apesar de tratar da realidade de figuras urbanas, O ato de riscar uni pali-to de fósforo não pode ser simplificado como uma prosa social. Como foi equilibrar o realismo dos centros urbanos e a dimensão humana das histórias? 
ARTUR RODRIGUES - De fato, em nenhum momento busquei fazer prosa social. Acho que o livro é uma tentativa de desfigurar isso. Ariano Suassuna diz que não é regionalista, que o sertão dele é mítico. Acho que da mesma maneira a minha periferia não é unia periferia realista, é uma periferia fantástica. Os personagens urbanos inadaptados, tentando escapar de algo, da realidade, mesmo nas histórias em que não há nada meta-físico acontecendo. 

Narrativas curtas de cortes variados 


Num domingo. um homem dá um tiro na sua própria cabeça, acorda horas depois, limpa a sujeira e pensa no trabalho da segunda-feira. Outro precisa matar velhos para garantir que pessoas continuem a nascer, parte de "unia política pública" de um futuro estranho. Um guarda real inglês obrigado a ficar parado aguarda  próximo grupo de turistas, parte da tortura da imobilidade do seu ofício, se dispersar. 

Essas são três histórias entre as 18 presentes no livro O ato de riscar um palito de fósforo, do escritor paulista - que já viveu no Recife - Artur Rodrigues, hoje jornalista do Estado de S. Paulo. Com contos concisos, a obra traz a sensibilidade da realidade para momentos fundamentais - fantásticos ou ordinários - que são valorizados pela natureza breves das narrativas. 

A apresentação da obra é do escritor Ricardo Lísias, um dos melhores nomes da atual geração. No texto, ele ressalta: "Embora se aproxime constantemente do universo da classe baixa, os contos não se prendem ao clichê do mundo-cão. Os mais sutis observam as personagens emparedadas pela solidão. Por outro lado, nos textos de escancarada violência, o autor separa certo respeito pelas personagens, caminhando na fronteira entre o exotismo e o abandono, sem nunca se permitir qualquer ridicularização". Algo a se "notar é a versatilidade das narrativas, construídas em fluxo mental, em diálogo e em noticias, dentre muitos formatos. O trato direto e preciso das histórias ainda ser-ve para deixar espaço para a força das histórias criadas por Artur. 




ESTADÃO

Com uma ficção fortemente ligada aos temas da cidade,repórter do ‘Estadão’ lança livro amanhã


Edison Veiga

É o dilema daquela propaganda de bolacha. Artur Rodrigues arranca boa literatura dos espaços e fatos urbanos – Praça Roosevelt, metrô, PM amigo de traficante – porque é um baita jornalista, desses que sacam o mundo com sagacidade, espontaneidade e agilidade? Ou ele faz jornalismo de primeira linha justamente pela sua habilidade em enxergar e relacionar personagens, coisas e enredos, de modo que o real encha as páginas do jornal e ainda sobrem muitas ficções para contos como os que estão neste livro?
Não importa. Vale é devorar cada uma das histórias de sua lavra, escritas com ritmo e cores, cheias de tipos estranhos que poderiam muito bem existir de verdade. Ou estar em um filme do Tarantino.
Que este O Ato de Riscar Um Palito de Fósforo marque o reconhecimento de um escritor que nasce, sem precisar matar o jornalista. Leia sem moderação.




DIÁRIO DO GRANDE ABC

Artur Rodrigues lança novo livro
Thiago Mariano

O ato de riscar um palito de fósforo. A ação, de uma ponta à outra, é a consumação de algo que vai da vida à morte. Cabe tudo nesse ínterim, o despertar, o lampejo, o calor da vida correndo e o fim. O gesto é uma imagem potente, que persegue ‘O Ato de Riscar Um Palito de Fósforo’ – o livro – do início ao fim. A obra, autoria do jornalista Artur Rodrigues, ex-Diário, é lançada hoje em São Paulo e chega ao mercado pela Editora Patuá, por R$ 30.

São 18 breves contos que habitam 130 páginas. Todos apresentam um flerte descarado com a morte, mas é com a vida, na banalidade do cotidiano ou na surpresa de um acontecimento fantástico, que orbita a densidade narrativa. Tudo está por um fio. Ou à espera do irrevogável – e imprevisível – apagar da chama.

Rodrigues é principalmente repórter policial. Sua lida, ao longo dos anos, poderia passar de brutal para banal, não fosse o rapaz  um atento observador, um apanhador de vida no campo da morte. “O importante, para mim, é o que acontece entre o começo e o fim. Sobre a morte a gente já sabe, o como é que vai ser a vida é que é o importante. E tem a relação de intensidade que o tema traz”, conta ele, que inspira a escrita literária há dez anos, mas só agora decidiu desengavetar seu material.

O jornalismo, para ele, é um gatilho de criação. Alguns contos refletem essa relação de maneira mais direta, como, por exemplo, o primeiro texto, que narra um modorrento domingo de plantão de um repórter. Em outro momento, Rodrigues utiliza os jargões policiais que está habituado a ver no dia a dia. Ainda, enxertos de frases tipicamente noticiosas são o recheio de outro dos contos.

“O escritor, na verdade, quer se diferenciar. Escrevendo, ele quer buscar uma coisa que está no que não está escrito. Jornalista tem que ser explícito, contar a verdade diretamente”, revela.

Nas histórias, os personagens às vezes buscam algo que não está nomeado; em outros instantes encaram a cruz já cientes da caldeirinha. “Uns têm uma relação não tão pensada ou consciente com a vida, enquanto outros questionam isso o tempo inteiro. Ninguém contou a eles como seria o jogo, mas meus personagens são pessoas inadaptadas a ele. Acho que todo mundo em algum momento o é”, pensa Rodrigues, cujo plano, parafraseando o escritor argentino Julio Cortázar, é nocautear o leitor.

“A ideia é quebrar um pouco a sensação de continuidade, de conforto, de que está tudo certo. As pessoas não se perguntam mais nada. Toda vez em que li algo que me causou estranheza, mudou algo em mim.”





COMUNIQUE-SE

Repórter do Estadão leva bastidores do jornalismo para livro de ficção


Anos de cobertura policial e de crimes, histórias e personagens da vida real são base para o livro de ficção que será lançado nesta semana pelo repórter do caderno 'Metrópole', do Estadão, Artur Rodrigues. Intitulado O ato de riscar um palito de fósforo, a obra traz contos inspirados no que acontece diariamente em São Paulo e é reportado pela imprensa.

O autor diz que a vontade de escrever contos serve como escape e objetiva romper as barreiras do jornalismo. "O que vejo nas coberturas serve como inspiração. Os contos refletem o que eu sentia com as situações e não podia colocar nas reportagens".

O jornalista adianta que o leitor pode esperar surpresas em cada texto, além de ponto de vista de quem vai aos lugares mais obscuros da cidade. "Vi coisas e visitei locais que pessoas normais não têm acesso. É uma caixa de surpresa".

O livro tem 18 histórias e personagens como pastores, policiais, bandidos, jornalistas. Sobre a obra, o escritor e autor do prefácio, Ricardo Lísias, afirma que "O ato de riscar um palito de fósforo tem uma unidade: a morte. Às vezes brutal, outras tantas cercada de banalidade, aparecendo através da literatura fantástica ou do realismo, perdida em meio a sentimentos profundos e incontroláveis ou tratada como apenas mais um elemento do cotidiano, a morte aqui é bizarra, bem humorada, caótica e surpreendente".

Rodrigues está no jornalismo desde 2003 e, neste período, acumulou passagens por Diário do Grande ABC, Agora São Paulo, Jornal do Commercio e Estadão. O lançamento do livro está agendado para sábado, 11, no bar Canto Madalena (Rua Medeiros de Albuquerque, 471 - Pinheiros), na capital paulista.

http://portal.comunique-se.com.br/index.php/acontece/71745-reporter-do-estadao-leva-bastidores-do-jornalismo-para-livro-de-ficcao 



VÍRGULA

O Ato de Riscar um Palito de Fósforo, livro de Artur Rodrigues, será lançado em São Paulo



Os mais de 10 anos como repórter fizeram de Artur Rodrigues um observador de personagens urbanos que figuram invisíveis no dia a dia de um jornalista com um deadline. 

Como resultado desses momentos analíticos, Rodrigues lançará o livro O Ato de Riscar um Palito de Fósforo, pela editora Patuá. São 18 contos com tipos comuns nas pautas dele: pastores, bandidos, policias, jornalistas.

O título faz menção a uma das histórias presentes na obra. “Dá para dizer que o nome se refere ao ato de riscar um palito de fósforo como metáfora sobre as coisas repentinas e mágicas que acontecem na nossa vida. Para o bem e para o mal. E também tem um quê de reflexão sobre o fato de essas coisas mágicas acabarem um dia, como os palitos de fósforo da caixa”, comenta o escritor.

Aberto a todos, o lançamento acontece no próximo sábado (11), no Canto Madalena (Rua Medeiros de Albuquerque, 471, Vila Madalena) em São Paulo. Lá a publicação estará à venda por módicos R$ 30. E, para comprar o livro pela sem sair de casa, basta acessar o catálogo editora. 

http://m.virgula.uol.com.br/diversao/literatura/o-ato-de-riscar-um-palito-de-fosforo-livro-de-artur-rodrigues-sera-lancado-em-sao-paulo