As coisas que acontecem aqui não acontecem lá do outro lado do espelho. As oportunidades perdidas, os vacilos, os compromissos desmarcados, o inexplorado, o não dito: todos espremem-se na moldura quadrada para me observar, feito um animal no zoológico. Há momentos em que vejo pena nos olhos deles; em outros, só rancor; quase sempre uma curiosidade que beira o sadismo. Desvio o olhar, assovio e finjo me entreter brincando com os polegares nervosos. De esguelha, percebo que não há mais ninguém observando. Assustado, colo minha cara no vidro para procurá-los, os fantasmas.
quinta-feira, 14 de julho de 2011
Do outro lado do espelho
As coisas que acontecem aqui não acontecem lá do outro lado do espelho. As oportunidades perdidas, os vacilos, os compromissos desmarcados, o inexplorado, o não dito: todos espremem-se na moldura quadrada para me observar, feito um animal no zoológico. Há momentos em que vejo pena nos olhos deles; em outros, só rancor; quase sempre uma curiosidade que beira o sadismo. Desvio o olhar, assovio e finjo me entreter brincando com os polegares nervosos. De esguelha, percebo que não há mais ninguém observando. Assustado, colo minha cara no vidro para procurá-los, os fantasmas.
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Texto massa, cara. Curti. E aí, trabalhando no teu livro?
ResponderExcluirSim, Bruno. Trabalhando... Mas sabe como é, sempre tudo muito complicado esse negócio de escrever... E com você, como andam as coisas?
ResponderExcluirabs
visitando as referências trocadas na aula da Paloma, cai aqui. Incríveis textos!
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