Partir de onde se nasceu é se tornar estrangeiro em todos os lugares. É como se o chão em que se pisa depois de descer de cada avião fosse gelatina.
Partir é, ao mesmo tempo, estar em casa em vários lugares, dependendo da ocasião, do humor, do tempo e sabe-se lá do que mais. Afinal, não há os íntimos de todos e os esquivos até de si mesmos? E nós não somos simultaneamente ambas as coisas?
Partir é mergulhar nos paradoxos. Voltar é chegar. Chegar é voltar. É ser turista na cidade natal e nativo na terra longínqua. Há quem se estilhace; eu me multiplico. Há quem se mutile; eu renasço, alienígena no meio de um faroeste.
Partir é respirar saudade, sentir os cheiros das lembranças misturarem-se com o odor do desconhecido cada vez que se enche o pulmão.
Partir é partir-se ao meio porque se quer ser inteiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário