domingo, 10 de julho de 2011

O domingo de cada um

Há o que acorda com a barulheira dos filhos, assiste TV, rabisca as contas de casa num papel, procura os carnês das Casas Bahia, entope-se de cerveja e dorme no sofá, roncando só o suficiente para dar a segurança para a mulher de que está ali mesmo, viril como um Homer Simpson, empalhado.

Há o que acorda cedo, coloca um agasalho de tactel, corre 15 quilômetros, para na barraca de frutas e pede um suco, enquanto o vento gelado se choca contra a pele quente, fazendo com que um vapor saia suavemente das narinas; uma felicidade injustificada se espalhando pelo corpo, antes de ir embora subitamente, junto com a dopamina, adrenalina e as demais substâncias que nos fazem desconfiar de que realmente exista uma alma.

Há o que acorda depois do meio dia, a cabeça explodindo de ressaca, toma três litros de água, um litro de café, dois comprimidos de neosaldina, enquanto assiste seriados na TV a cabo, espreitando o mundo debaixo de um edredon.

Também há aquele que acorda cedo para não perder tempo, mas não tem compromisso algum; lê os suplementos dos jornais, toma café e depois almoça sem grande empolgação; toma café de novo e de novo, lembra dos amigos, dos amores, das viagens e pensa em ligar para alguém, chamar para sair, contar da vida, ouvir as novidades, muda de ideia; pega um papel e um lápis, esquadrinha a vida, nostálgico.

E não se pode esquecer daquele que foi dormir, sonhou com a infância e não acordou neste domingo; será achado amanhã, por algum parente ou vizinho, usando um pijama de bolinhas.

2 comentários:

  1. Fala, Bruno! O que posso dizer é que já fui um pouco de cada um deles, menos do último (ainda bem!)... Abraços

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