domingo, 27 de janeiro de 2013
2666, o mundo todo num livro incompleto
Histórias que não acabam e se emendam em outras, outras e outras. As portas que se abrem e nos confundem e nos expandem. Terminei, depois de começar e parar uma vez, 2666. As histórias incompletas de Bolaño, como as de Kafka, abrem janelas para o universo. São de incompletude infinita. A imperfeição de certas obras primas nos faz pensar no que os livros podem fazer por nós - explodem feito granadas na nossa alma, abrindo possibilidades labirínticas. A crueza de uma prosa absurdamente sofisticada, a complexidade dos personagens mais simples, o poder da repetição para criar o novo mostram a maestria paradoxal de Bolaño para construir uma prosa divina, sem respostas, cheia de possibilidades, estrelas mortas, que se expandem feito o mundo todo, para não se sabe onde, para lugar nenhum.
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