Depois de 33 dias e 32 noites de sol, o céu amanheceu cinzento. A bola de fogo fumegante, que parece nascer e morrer parada em frente à minha janela, não está mais lá. Também não tenho curiosidade em saber onde foi parar.
Ouvi dizer que as ruas ficaram cheias d'água de manhã, quando eu dormia ao som do barulho da chuva. Torci em silêncio para que os construtores que derrubaram todas as casas e construíram prédios no lugar sujassem seus sapatos com pelo menos um pouco da merda que emergiu por culpa da rede de esgotos que eles ajudaram a saturar.
Apesar do sumiço do meu caloroso e iluminado companheiro, o único casaco que trouxe quando me mudei para essa terra quente permaneceu no armário.
Não, a falta de sol também não impediu que eu passasse o dia todo descalço e sem camisa, usando apenas uma bermuda.
Minhas divagações terminariam por aqui, não fosse pela luz conhecida que começa a sair pelas brechas das nuvens cada vez mais secas.
Parece que o astro mais paparicado da galáxia volta ao meu encalço, justo eu, que nunca fiz muita questão da presença dele. Às vezes, esse excesso de atenção me sufoca.
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