Me surpreendeu o alecrim, que era o mais triste de todos e parecia definhar. Fumava eu um cigarro deitado na rede, quando percebi que ele havia entortado seus galhos finos e os apontava em direção ao sol.
As rosinhas, mais liláses que vermelhas, se acotovelam para conviver nos mesmos ramos. A primeira a nascer jaz na terra do vaso, em pedaços, ao passo que outros nove botõezinhos brotam cada um a seu tempo.
A romã salta pelos ares, apesar do arame que, em vão, tenta lhe conter o crescimento.
A hortelã, a mais esperta de todas, se espalhou no vaso logo que chegou. Um ser misterioso, no entanto, fulminou a pobre. Primeiro, um raminho apareceu jogado no chão. Depois, outro. Hoje de manhã, havia apenas o vaso com terra, nem rastro da muda que chegou a ser a mais precoce do jardim.
O predador, porém, não se atreveu a chegar perto do vizinho, o pé de pimenta. Esse sim é forte e dá à luz feito coelho. Chegou tão carregado de pimentinhas vermelhas que enchi um pote com elas e fiz molho. Mal acabei a colheita e pézinho se pôs a parir mais e mais frutos. Uns estão verdes e outros já puxam para o avermelhado.
Mas não convém mudar de assunto diante de tão grave situação. Essa noite, colocarei a isca e ficarei por perto destilando meu ódio contra o invasor do meu jardim. Seja lagartixa, duende ou espírito zombeteiro, seu destino será doloroso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário