É estranha a sensação de se pisar nas nuvens quando se queima no inferno. Mesmos enquanto esses pequenos demônios divertem-se rasgando a minha carne com seus tridentes desproporcionais, não consigo deixar de deter-me para olhar a beleza do céu às cinco da tarde. Há um sol delicado, que faz concessões à sombra, compondo um amarelo desbotado que não machuca os olhos e que parece casar harmoniosamente com o vermelho intenso do resto da paisagem. O cheiro da carne tostada se dilui num perfume poderoso, adocicado e juvenil. Não chegam aos meus ouvidos os gritos dos outros, em desespero, apenas a reminiscência de uma voz suave, sussurrando que estou no céu.
17h e algumas passadas de ponteiro. Meu amarelo desmaiado favorito.
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