domingo, 30 de agosto de 2009
A morte da história
A história estava dentro dela. Era escrita, reescrita, editada, entre nervos, pele, sangue. Memória? Mais que memória. Quem sabe um órgão? Coração, estômago, pulmão e a história. Negava a história, cutucava a história, matava a história, tirava-lhe o H na tentativa de transformá-la em estória, causo, piada, fantasia. Quimioterava a história, para torná-la frágil e pelada, para que ficasse com vergonha e fosse embora. Só infeccionava o que era óbvio: não se arranca a história feito tumor, apêndice, verruga. A história continua a se repetir dentro do coliseu de ossos e músculos. O único jeito de matá-la é não morrer com ela. Embalsamá-la em palavra morta, entre vírgulas e pontos, estrangular até imobilizá-la em duas dimensões, epitáfio de si mesma.
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