sábado, 8 de agosto de 2009
O silêncio no meu vocabulário
Eu não sei o que dizer. Tem quem saiba o tempo todo, mas eu não sei. Tem quem viva sincronizado em um diálogo escrito, reescrito, revisado e ensaiado. Não eu. As palavras saem, mas antes ou depois do momento certo. Saem desmedidas, distorcidas, desastradas. Não me arrependo do que digo, mas de ter dito. Não invejo os que vivem com a palavra mais certa na ponta da língua, mas os que a guardam na boca, mastigam, engolem, transformando-a em silêncio. Gostaria de ter o silêncio no meu vocabulário. Não qualquer silêncio. Há falsos silêncios circulando pelo ar: é possível ouvi-los. Alguns são como tagarelice, não querem dizer nada, apenas fazer barulho. Outros são moralistas, a quietude cheia de significado, quase um grito de guerra. Até a mudez não é o silêncio completo, cheia de murmúrios que é, a mão de Deus tapando com força a boca do homem. Quero o silêncio natural, em estado puro, que nada quer dizer, aquele que passa despercebido a todos, inclusive a mim.
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