Há os que escrevem porque têm o que dizer e os que escrevem apenas por escrever. O conceito, simplificado de um artigo do meu xará Schopenhauer, sempre fica martelando na minha cabeça quando leio alguma coisa. Isso ocorre de forma ainda mais intensa quando o livro que ocupa meu tempo é de Herman Hesse.
Quando se lê O Lobo da Estepe, Sidarta ou Demian, é inevitável pensar quantos livros já foram escritos sem motivo algum, sem nada o que dizer, apenas por capricho do escritor. No jornalismo, eu mesmo já colaborei muito para aumentar o número de árvores derrubadas contando histórias que não faziam diferença para ninguém.
Livros que têm o que dizer são límpidos como água. Não há caprichos ou palavras sobrando. São apenas o que são, boas histórias contadas por quem realmente pensou muito para escrevê-las.
Terminei ontem de ler Demian. O livro, escrito em 1919, trata do relato da juventude do confuso Emil Sinclair e sua relação com Max Demian, rapaz pertencente a um grupo cuja a filosofia se baseia na crença em um deus que aceite o bem e o mal, isto é, que tenha em si também o demônio.
O precursor dessa facção, segundo a crença, teria sido Caim. Daí os pertencentes desse grupo possuírem, na testa, a marca de Caim.
O que a princípio soa como simples rebeldia juvenil se mostra uma ode humanista ao individualismo e até mesmo um prenúncio das tragédias que ocorreriam na Alemanha muito depois da publicação de Demian.
Ps. Encontrei a íntegra livro na internet.
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