Mostrando postagens com marcador tarot. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador tarot. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 2 de junho de 2009

O louco



O louco é o inocente que passa distraidamente pelos mais diversos perigos e sempre sai ileso, protegido que é das divindades (principalmente de Dionísio, o deus do vinho, da arte, da luxúria). Idealista, canta seus amores pelas ruas sem dar a mínima para o que pensam os outros. É evocado pelos fiéis amantes apaixonados em fuga e, ao mesmo tempo, pelos libertinos do sexo livre. O bobo de Shakeaspeare é o único que só diz a verdade, em uma corte em que um olhar atravessado pode levar à morte. Força da natureza que é, o louco ou o bobo, como quer que o chamem, não tem medo de nada por não saber o que é o perigo. Está à beira do abismo, prestes a dar o grande salto para outra dimensão.

domingo, 24 de maio de 2009

Ela, a única

Quase morri várias vezes. Cada uma delas serviu para dar um valor ainda maior à vida que sobreviveu e, paradoxalmente, um medo cada vez menor da morte. A morte, besta ou épica, tropeção no chuveiro ou agonia prolongada em um leito antisséptico, é certa. A vida, incerta por natureza, se torna muito mais preciosa quando chega perto do fim e volta, por instinto ou quem sabe missão, rumo ao tempo que lhe resta, superiora, serena, cosmopolita. Incrédulo que sou, nego em público fenômenos mais poderosos, mas sou tentado a acreditar em destino. Se sobrevivi a tantas mortes, não posso deixar de pensar que ainda não desperdicei todas as oportunidades a mim reservadas. Uma certeza pétrea me diz mais: que as outras mortes que quase morri eram apenas afagos, sinais mandados pela verdadeira, a que me consome desde que nasci, a que tem meu nome gravado na pele.