domingo, 31 de maio de 2009

Nossos felizes eus virtuais, com seus sorrisos fresh

É como se, fazendo careta, olhássemos no espelho e estivéssemos sorrindo. Nossa vida virtual (Orkut, Facebook, Twitter, blog) é, muitas vezes, o retrato do que gostaríamos de ser, mas não somos, pelo menos não na maioria do tempo. Isso explica a quantidade de sorrisos e, mais, sorrisos de casais felizes, no Orkut. Não que eu seja diferente. Minha foto do Orkut é uma figura sorridente, em frente uma praia paradisíaca. Talvez eu tenha sido aquela pessoa alguma vez, mas com certeza não sou ela o tempo todo. Meus dias são muito diferentes dos daquele cara. Ele, com certeza, a essa hora está naquela mesma praia, com aquele mesmo sorriso, preparando-se para tomar cerveja e petiscar. Talvez, ao contrário de mim, ele faça exercícios regulamente e até mesmo saiba surfar. Eu, por minha vez, acabei de acordar e estou no meu quarto, em um domingo, escrevendo esse texto. Não estou sorrindo, pois a alegria desse meu outro eu em nada influencia a minha vida. A tristeza dele, pelo contrário, provavelmente me soaria cômica e algo de dolorosa: riria se na foto ele estivesse escorregando em uma casca de banana e, possivelmente, teria resquícios da dor nas costas dele. Se pudesse ler meus pensamentos como leio os dele, meu avatar estaria certamente pensando por que perco meu tempo nesse tipo de raciocínio com uma praia tão linda tão perto desse quarto em que estou. OK, talvez ele é quem saiba viver.

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